Crónicas de um Sem Nome – Parte 2

12 de julho, do ano 2012. Uma data memorável para o Sem Nome, pois foi nesse dia que conheceu a tal sicrana de beleza exótica. Durante as festividades alusivas ao trigésimo sétimo aniversário de São Tomé e Príncipe, ocorridas noturnamente na praça da independência, onde ele “girava” pra cima e pra baixo com os seus amigos, cujos apelidos serão revelados nas próximas alíneas. O Valdiciney, sendo o mais ativo dos três, descobriu na multidão que se encontrava ao redor da praça, três fofinhas que pareciam estar a espera de uns “psiu`s” dos homens que por ali passeavam. E com uma ousadia espantosa, aumentada pelo nível platónico do álcool, ele fez uma abordagem sedutora á elas. Arrastando os companheiros para o “viver”.

Três horas depois, o Valdiciney e o Alex já tinham “desmarcado” com as suas “parceiras do acaso” para um becozinho isolado. Enquanto o Sem Nome, conhecido na altura, pela sua lentidão e excesso de mufinice, continuava conversando –assuntos sem pés, sem cabeças- com a sua parceira do acaso, do qual começava a ficar apaixonado, por isso não tinha coragem de sugerir um passeio solitário, longe dos olhos das pessoas. Mas o extremo exotismo da garina se revelou, quando ela tomou a iniciativa de arrastá-lo até ao Snack Bar, lugar dos encontros escondidos. Acontecendo, num dos acentos do sítio, dezenas de beijos e amassos que acabaram por provocar um pontapé de saída no namoro. Que passados três anos, continua de pé embora com diversas situações malignas, desejosas de ver o relacionamento no chão.

Debruçado no sofá da sua casa, ele ia recordando esse episódio inesquecível, lançando sorrisos pra si mesmo, numa manifestação pura de contentamento nostálgico. Pois, o tempo desliza rápido, hoje ele se encontra distante da sua pátria, das pessoas que mais ama, porque veio em busca de realizações que o farão regressar com melhores “armas”, para enfrentar os desafios a serem vivenciados aquando do seu regresso. Tantas coisas precisam ser feitas, mudanças e transformações dentro duma sociedade majoritariamente jovem, sedenta de vida e que necessita de alimentar indivíduos sonhadores, crentes em fazer a diferença, perspetivando a honestidade como luta contra as mentes corruptas. Nada disso é impossível, afinal, o possível mora tão perto das nossas ações que basta acreditarmos na possibilidade dele existir. “Héhéhé, a nostalgia me levou a ter vários pensamentos heróicos hoje, espero continuar nesse caminho” refletiu com os seus botões ao levantar-se para preparar o mata-bicho. Precisava iniciar o dia com muita energia, ia preparar uns bons ovos mexidos, leite para o seu deleite e claro, tinha de ir comprar pão.

Após ter comprado os pães num supermercado que ficava perto de casa, voltou e começou a comer. Assim que acabou de colocar o último pedaço de pão na boca, o seu celular tocou, era Rayanne. Ele não atendeu. Na verdade, nos últimos dias ela tem insistido bastante, parece estar afim de uma relação mais séria, mas o Sem Nome não pretende levar essa ideia adiante, porque tem a sua negra de beleza exótica a espera nas ilhas maravilhosas. E já deixou bem claro pra ela, só que, os seus ouvidos insistem em querer ouvir outra coisa que ele não deseja dizer. Entretanto, o celular voltou a tocar, mas desta vez era a sua mãe que ligava de São Tomé. O que causou estranhamento no seu semblante, primeiro porque pensava que era a Rayanne de novo, segundo porque a Dona Ernestina nunca ligava pra ele ás 7h da manhã.

A notícia que recebeu, funcionou como um explosivo dentro do cérebro. Depois de ter desligado, várias coisas passaram na sua cabeça. Desde arranjar dinheiro e voltar imediatamente ao seu país natal á sair pra rua e gritar que nem louco. Tudo para tentar soltar a agonia que tinha sido interiorizada, todavia, a tranquilidade venceu e ele conseguiu restabelecer a normal forma de raciocinar. “Eu não quero acreditar que ela foi capaz de fazer isso”, disse entredentes, fazendo um esforço enorme para minimizar a raiva que sentia naquele momento. O Sem Nome, num ato de desespero artístico, decidiu expressar toda a ira através dum poema cujo título é: Ela está grávida doutro homem.

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