Crónicas de um Sem Nome – Parte 3

Quando se trata de seguir os sonhos, é preciso ter uma mente aberta em descobrir caminhos que possam materializá-los. Porque um sonhador sem perspetivas palpáveis resume-se num ser humano condenado a “andar nas nuvens”, pois não conhece o valor der ter os “pés no chão”. O Sem Nome vai aprendendo isso, e aos 25 anos de idade, ele consegue orientar cada centímetro do seu sonho, catapultando-os para uma conquista final não tão distante da iminência. É um dos melhores estudantes do curso em Ciências Contábeis, que obviamente, entrou na sua madeira como um prego, tendo em conta que desde mais tenra idade, a Matemática era uma espécie de “safú”, o qual não cansava de comer.

Já se imaginava como um excelente contador das finanças numa empresa bem renomeada na sociedade. Perspetivando a abertura duma empresa própria na sua terra natal. Casado e quem sabe, com filhos pra criar. Sendo um cidadão exemplar que tem a plena noção da sua função na comunidade. No entanto, ultimamente, a parte sentimental tem passado por uma “idade de gelo” que começou a se climatizar a três meses, quando descobriu que a sua suposta alma gêmea estava, aliás, se encontra grávida doutro homem. A garota exótica são-tomense andou a fornicar com o tal Rodolfo, acabando por engravidar e ele ficou a par dessa “chifração” toda, por intermédio da sua mãe, Dona Ernestina. Mas o pior aconteceu depois de os dois terem tido uma longa e pesada ”confusão” pela webcam, onde ela confirmou a consumação da traição e ainda fez outras confissões, que o deixaram completamente em modo “malaboia”.

Uma dessas confissões referia-se ao fator “Ê non sou de ferro”, sendo exatamente essa a frase que o deixou numa pilha de raiva, pois ele acreditava que a namorada conseguiria permanecer fiel e intocável até ao seu regresso, demonstrando certo machismo pelo facto de ter se esquecido, que tal como ele, a garota exótica também é uma pessoa passível de sentir uma vontade de “subir pelas paredes” em momentos de carência. O problema é que a gravidade da situação, para o lado da ex-namorada, foi mais adiante. Por isso, essa sensação de mal estar emocional, que apesar de já ter passado algum tempo, continua atormentando sua cabeça, ao ponto dele ter “deletado” o número da moça, bloqueado a amizade no Facebook, jogado no lixo os papéis com os poemas que escreveu pra ela, numa tentativa de esquecimento absoluto cuja fórmula pode não ser a mais ideal, mas capaz de contribuir para a ilusão desse objetivo, pelo menos. Ele até decidiu tentar um lance sério com a Rayanne, porém, a brasileira gostosa demonstrou um “tô nem aí” demasiado grande, porque a fila andou e havia muitas “caras” a espera dessa oportunidade desperdiçada por motivos explicados anteriormente.

Contudo, por mais que em termos sentimentais a sua vida esteja de cabeça pra baixo, esse santolense que tirou imensas lágrimas na expressão facial por causa da garota exótica, conseguiu esforçar-se pra não misturar essa problematização amorosa com os estudos. Afinal, é bom ter a sabedoria de separar as duas coisas, não obstante o facto de a vida ser um tanto relativa, sempre em movimento, e não deve ser a desilusão afetiva uma razão realmente plausível para destruir todas as aspirações que o Sem Nome fez, e vai fazendo em relação a sua carreira profissional. “Muito fácil na teoria…na prática é outra coisa bem diferente, mas vou tentando” refletia enquanto tomava um duche, no instante em que lavava o seu rosto marcado por olhos semi-gordos e nariz de tamanho elevado.

Ele tem uma sessão de Cinema marcada para ás 16h da tarde, com uma amiga guineense chamada Cadijatu, a mesma cursa o bacharelado em Humanidades e tem sido uma confidente que possivelmente poderá vir a ser uma boia de salvação, em tempos de quase afogamento passional. “Botou” uma velha t-shirt verde-canário, após ter vestido a calça jeans rasgada e calçado uma ténis branca, mas não tão branca, devido tanta sujidade que a vai deixando “nancô”. E saiu ao encontro da Cadijatu. Juntos iam assistir a estreia do filme o “Homem-Formiga”.

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