Arquivo da tag: botaafala

Crónicas de um Sem Nome

Parte 1

Ela tem uma beleza exótica. A são-tomense que provoca lágrimas de saudade na expressão facial do são-tomense que por agora se chama Sem Nome. 1m72 é a altura dessa menina que vai evoluindo para uma jovem de 21 anos, seguidora de um grupo grandioso de pessoas que odeiam a leitura, o estudo, mas que conseguiu com a sua infinita alegria africana e intelectualmente diferente, arrebatar o coração, o cérebro, o estômago, o fígado e todo o resto físico-mental desse “santolense” pouco descrito acima. Uma gaja de se tirar o fôlego, sedutora até nos instantes que tem atitudes de “pleste” perante alguns dos seus familiares e supostas amigas que sentem inveja da sua belezura corporal.

Um estudante aplicado que conseguiu, esforçadamente e tardiamente, ausentar-se do país, para prosseguir a sua carreira académica numa certa universidade materializada em terreno brasileiro, cuja aplicabilidade em Ciências Contábeis se achava inaplicável naquelas ilhas ricas, mas ainda com dificuldades rijas. “Quando voltar, quero ser alguém importante e útil na minha comunidade” essa é uma das falas que ele várias vezes utilizou na sala de aulas e nos corredores da faculdade. Havendo dias em que o próprio duvidava da veracidade dessa afirmação. Pois nem sempre existe vontade de enaltecer uma pátria que fornece “desvontade”, a cada notícia infeliz que paira nos seus olhos e orelhas. A esperança apenas existe quando bem alimentada, caso não, ela é pequena demais pra ser chamada de esperança.

Este pensamento (assim como outros que não precisam ser descritos agora) povoava dentro da mente enquanto ele preparava um comentário no Facebook bem criativo e poético – sim, ás vezes ele escreve poesias facebookianas-, para a sua amada que se encontra a enormes quilómetros de distância. Aquela foto merecia ser comentada (na verdade, todas as fotos e publicações dela) porque é necessário “marcar terreno” contra as ameaças que poderiam se desenvolver no seio do bonito relacionamento á distância. Juras de amor não devem ser poupadas. O medo de perdê-la para um bandido qualquer, de ser chamado de cornudo, de sentir um ciúme cego e descontrolado diante dos outros, parecia embebedar de fervilhamentos todos os milímetros desta paixão. Apesar de ser conhecedor da ideia que diz que o “enamoramento” não deve estar sobre os auspícios do egoísmo e da possessividade, o seu espírito taurino gostava de desconhecer esta razoabilidade. “Foda-se ela tem que ser minha, e só minha”, tartamudeava com segurança mesmo quando conseguia traí-la “pensantemente” ao imaginar-se sozinho com uma brasileira podre de gostosa.

No entanto, houve um dia em que a resistência foi pela grota abaixo. Deixou-se levar pela cadência sexual e corporal duma tal de Rayanne, numa memorável balada na residência dum amigo, consumando a traição antes imaginada e sonhada. Desconhecendo ele, que naquele preciso momento, aquela são-tomense de beleza exótica que lhe provocava muitas lágrimas de saudade, coincidentemente entrou num Range Rover pertencente a um fulano alto, negro acinzentado de nome Rodolfo, que estava de férias em São Tomé, a procura de tchilamento e curtição. Os dois foram fazer algo de similar ao que ia sendo feito pelo Sem Nome e a Rayanne, numa casa de praia da família do Rodolfo que fica na Praia das Conchas. Duas cenas quentes, com gemidos e treme-tremes, em cenários diferentes, mais ou menos ao mesmo tempo, típico de uma novela brasileira, mexicana e o escambau.

Assim que terminou de depositar um gosto, e um comentário poético na foto em que ela aparece na praia (ele foi identificado nessa postagem, que se intitulava: Pa mê grande amor Sem Nome) de óculos escuros, com um calçãozinho rosa pequenino, uma blusa também rosa e cheia de desenhos indescritíveis, acompanhada com uma garrafa de cerveja Nacional na mão direita, e pose tipicamente alegre de jovem despreocupada. O Sem Nome sentiu uma mistura de dever cumprido e tranquilidade espiritual, que brevemente e devido aos acontecimentos não relatados entre eles, iria provocar uma espécie de caos sentimental de proporções rocambolescas.

Preconceito

Preconceito

Eu sou negro
Eu sou preto
Eu sou africano
Com muito orgulho
Nada nos possa deter mesmo que muitos nos diga que não
Sempre de cabeça erguida que vamos conquistar
Se dantes éramos levado para a Europa
Trazidos para as Américas
Usados como cobaias
Trabalhando como escravos
Mas agora, é a hora, da nossa afirmação
Negro no poder
Negro no poder
Por que de tanto preconceito?
Por que de tanta discriminação?
Podemos ter diferenças na cultura ou na cor da pele
Mas todos nós pertencemos a uma única raça “a raça humana”
Pra tu que es negro
Pra tu que não é racista
Ponha as mãos no ar e grita numa só voz
Não ao preconceito!
Não à discriminação!
Não ao preconceito!
Não à discriminação!

Podemos ter a diferença na cultura ou na cor
Unidos pela história somos todos iguais

O racismo é mau, quem negar leva tau-tau,
Eu sou africano, 100% black power
Tipo Tina Turner,
Com uma voz gigante,
Venho de São Tomé, pois aqui somos irmãos, vês?!

Sinta a pressão dessa pura mensagem,
Arte e imaginação, sentido sem bandidagem.
UNILAB nas costas, vamos abrir as portas,
Ignorando os preconceitos, firmando novos conceitos.

Sincronia lusófona em terreno brasileiro,
Harmonia autêntica para o mundo inteiro,
Clap-clap, batam as palmas, reflitam sobre o assunto,
Não a discriminação, é esse o bom conteúdo.

Ser negro é bom, transmito isso no som,
Independentemente da cor, escutem bem esse louvor.

Repitam aqui o refrão, deixa entrar no coração,
Somos a equipa de ação, prontos para a intervenção… ya!”

Podemos ter a diferença na cultura ou na cor
Unidos pela história somos todos iguais

não viemos acorrentados em navios negreiros
como no século passado não…
chegamos aqui, uns de terno e gravata,
relógio no pulso, cabeças raspadas, sei lá…
se isso é que chamam de civilização.

que cara é essa brow? sou diferente?
sou. pra frente eu vou.
qual é a parte da minha historia que você não entendeu?
por ser diferente não me faz teu inimigo,
nossas diferenças que fazem do mundo, mundo.
preciso de ti, sei que precisas de mim. brow, sacou?

Negro ou negra
também pode ser
pai ou mãe
por isso pode ter
a diferença
na cultura ou na cor
mas que na verdade
somos todos iguais

Podemos ter a diferença na cultura ou na cor
Unidos pela história somos todos iguais

Somos todos iguais , meu irmão deixa de mania
Ouça bem este beat rap, este flow
Dito Buanh SD, pronto eu estou aqui

-”eu não sou ninguém brother”
“vai, olha para mim, homem como tu, como qualquer um”
Homem malcriado, deixa de maldade não me trate assim, vai
Esquece minha raça, minha fala
Não importa se sou pobre e vivo na senzala ou no gueto
O que é certo mem aqui
Todos somos iguais
Vai, respeita seu brother,
bora!

Bem−Vindos

Bem−Vindos

Sejam bem−vindos à família UNILAB
Nossos irmãos de Cabo-Verde, Angola, Moçambique, Brasil, Guiné e São Tomé
Cabó medi nada, kilku tem el ki nona kumé
Somos povos unidos pela História
Por isso, abraça o teu irmão
Abra o seu coração
Aqui não existe raça, cor e muito menos religião
O que prevalece é a nossa união.

REFRÃO:
Bem-vindos à família UNILAB
Bem-vindos à nossa universidade
Bem-vindos à São Francisco do Conde
Bem-vindos, Bem-vindos ao Brasil

Eu sei que ta com a saudade da tua família,
mas mantenha foco naquilo que lhe trouxe aqui.
essa luta você tem força irmão pra vencer.
pra subires na vida só depende de você.

use a mente , vai avante, seu futuro será brilhante.
use a mente, vai avante seu futuro será brilhante.
então lute! abó i mais q´ um vencedor,
bu familia sé sintido tudo sta na bó.

REFRÃO

O mundo está complicado
e torna cada vez mais complicado, nossa sociedade
Hey man acredite, aqui é o seu lugar
você parte da solução
traga suas amigas, traga os seus amigos
ABC, a escola é muito mais que isso man, podes crer
que um dia eu, você, vamos reconstruir o mundo
projeto bota a fala , nossa missão
a escola man é nosso ponto de partida
preto, branco, coisas desfocadas
ando you brother, puxa a mente
não deixa nada te levar na divisão: aqui é o seu lugar

REFRÃO

Trouxe na minha bagagem muitos sonhos,
vontades de vencer e euperar as minhas debilidades.
Cheguei nessa universidade concentrado no objetivo,
com uma nova vibe, sistemas de um ser ativo.
Quando olho para o passado e lembro do meu percurso,
me sinto orgulhoso e disposto para o futuro.
Para mim, um ser que muda perspectivando o melhor,
é aquele que melhor sabe lidar com o pior.